Meus desejos são cegos,
Impacientes e urgentes.
Como lobos famintos
Têm vida própria
Alimentam-se da crença
No amor que liberta
Das ilusões que retiram da dor
À revelia da incontestável verdade
Meus desejos são seres vorazes
Que ressentidos do que lhes falta
Devoram a razão que os aprisiona
Embriagam-se da fantasia que os liberta
Atiram-se da pedra mais alta
Sem medo, sem pudor.
Meus desejos são donos de si
Meus desejos são donos de mim
Arrastam-se pelos labirintos do meu corpo
Invadem o esconderijo dos meus sonhos
Apoderam-se do secreto da minha alma
Adormecem minha consciência
Meus desejos são a melhor parte de mim.
Porque é do seu contraditório
Que extraio meus questionamentos
É na sua natureza livre
Que busco minha coragem
É do seu fruto que destilo as palavras
Que traduzem a minha tão racional emoção
Porque é no território dos meus desejos
Que habita minha arte
E a minha arte, por tanto tempo preterida
Hoje é o fio condutor
Da minha vida tão angustiada de amor.
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